Quando a Jornada do Coração é Interrompida – Luana Jardim

Alguma vez você já sentiu como se o chão lhe faltasse sob os pés? Como se a possibilidade de dar mais um passo não fosse possível? Já sentiu como se alguém estivesse segurando você pelos braços, deixando-o acorrentado, sem poder se soltar? Você já sentiu a dor de ver algo muito importante lhe escapar pelos dedos e sentir-se impotente por não saber como segurá-la? Alguma vez já deparou-se com uma grande porta fechada, bem naquele momento em que achou que venceria a jornada? Então, você pode tranquilizar-se com a certeza de que não está só nessa jornada íngreme e espinhosa do coração.

Essas perguntas são, consideravelmente, fáceis de serem respondidas. O que não é fácil, nessa reflexão, é conseguir descrever os sentimentos que acompanham essas devidas respostas. Porque ao responde-las, lembranças são trazidas a mente, e muitas das vezes, são dolorosamente pesadas e incômodas. É nesse momento que eu penso, pela enésima vez, “por que os sentimentos não podem ser somente bons?”. Você pode, imediatamente, criar várias respostas plausíveis para essa pergunta, mas não pode negar que seria incrível sentir sempre o prazer de viver.

Todos nós temos uma jornada a seguir nesse mundo, caso contrário, não teria sentido existir. Acredito que o nosso coração pode ser o guia principal de cada passo. Talvez, a mente tenha mais poder sobre essas emoções que nos guiam (sabemos que o olhar racional nos comprova que sim), mas, para mim, não há melhor confirmação de algo do que a palpitação em aceleração do órgão coração. Porque ele é alarmante, não polpa esforços na hora de chamar atenção para algo importante. Não deixa dúvidas, basta escutá-lo com atenção. Ele palpita tanto, certas vezes, que quase precisa sair pela boca. Comprime-se com uma urgência tão imediata que é impossível prestar atenção em outra coisa, que não seja a dor que ele nos faz sentir. Então, a jornada que trilhamos, querendo ou não, tem como guia o coração.

Posso recordar-me centenas de momentos felizes e marcantes em minha vida, entretanto, aqueles que mais insistem em aparecer são os ruins. Mesmo que sejam a minoria. Isso cansa, fadiga e causa desânimo, porque a mente é algo difícil de se controlar. Então, nesse momento, a jornada do coração é interrompida. Não por você querer ou por ter permitido, e sim, somente, por ter deixado o pessimismo entrar em cena nos palpites de qual caminho seguir. A porta está fechada. Trancada. Impossível de ser aberta outra vez. Interromper a jornada de um coração é uma das piores coisas que podemos sentir. E também, uma das piores coisas que podemos causar em alguém.

Por enquanto, só cheguei até a porta fechada. Não sei como abri-la novamente, nem se posso conseguir um dia. Não sei a fórmula secreta para lhe dizer como derreter o cadeado, caso você tenha identificado-se com essa metáfora. Mas posso dizer que nunca é demais, continuar batendo, batendo e batendo… Quem sabe um dia, a pessoa do outro lado liberta você. Ou você mesmo liberta-se.

Beijos,

Luana, a Menina do Jardim.

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